Atlântico discute a crise energética do Brasil e as opções de novas matrizes

O Atlântico – Instituto de Ação Cidadã lançou um novo episódio da série “Atlântico Recebe”, para discutir a matriz energética brasileira. O convidado foi o engenheiro eletricista e doutor em economia Manuel Jeremias Leite Caldas, que tem longa trajetória em empresas do setor elétrico e é membro do Conselho de Administração e Fiscal de diversas empresas de capital aberto, além de consultor, palestrante e professor da EPGE-FGV e Ibmec.

Manuel Jeremias começou a sua participação lembrando que havia previsto o início de uma grave crise energética entre os dias 15 e 25 de outubro deste ano. Com a antecipação das chuvas em outubro, o risco de uma crise em 2021 foi afastado, mas persiste para 2022. “Estaremos sob influência do fenômeno La Niña nos primeiros meses do ano, o qual costuma reduzir as chuvas nas regiões dos principais reservatórios de água do país”, explicou.

Nova matriz energética

Rafael Vecchiatti, presidente do Atlântico, pontuou que as matrizes energéticas estão se modificando no mundo, e enfatizou a necessidade do Brasil diminuir a sua dependência hídrica da matriz energética.

A geração de energia hidrelétrica no país está sendo comprometida pelas mudanças climáticas, explicou Manuel Jeremias. Os reservatórios da região Sudeste são alimentados pelos “rios voadores” oriundos da Amazônia e pelas nuvens formadas no oceano Atlântico. O desmatamento está afetando o ciclo de formação dos rios voadores, enquanto a formação de nuvens no oceano sofre o impacto das mudanças ambientais no resto do mundo.

O engenheiro afirmou ainda que os projetos para geração de energia hidrelétrica têm um longo prazo para início de funcionamento – de cinco a oito anos. E que, felizmente, os projetos de energia eólica e energia solar demandam um prazo bem mais curto. As novas tecnologias permitem que um projeto de energia eólica comece a funcionar em dois anos.

Energia solar

Já a geração de energia solar depende apenas da instalação de placas fotovoltaicas em residências ou da criação de fazendas solares. A única limitação é a disponibilidade do material.

Essa alternativa energética pode aumentar de forma rápida e significativa a oferta de energia. Manuel Jeremias estima que um terço da demanda residencial poderia ser atendida pela cogeração solar. Segundo ele, não se justifica o temor das distribuidoras de perderem este mercado consumidor, pois haveria uma complementação benéfica do sistema.

A expansão da oferta de energia solar depende da liberação do governo e da abertura de linhas de financiamento para a instalação dos painéis, na opinião do engenheiro. O investimento neste setor teria como consequência positiva adicional a criação de empregos de inúmeros instaladores e técnicos, completou.

Intervencionismo do governo

A energia solar é gerada no local do próprio consumo e, demanda menores investimentos em sistemas de transmissão e interligação. Reduzindo a dependência de geração de energia hidrelétrica, seria possível dar outros usos para a água dos reservatórios. “Tudo só depende da decisão do governo de fazer”, completou Manuel Jeremias.

Rafael Vecchiatti criticou a lentidão na implantação desta solução para a geração de energia limpa e renovável no país, que tem se expandindo de forma exponencial no resto do mundo, mas esbarra na insistência do governo em políticas equivocadas.

“Se não fosse o intervencionismo do governo, restringindo a iniciativa privada, poderíamos ter avançado muito mais na expansão da matriz solar”, criticou Vecchiatti.

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