Rumo à economia de baixo carbono

Os participantes da COP 26 sabem que não há futuro sem energia limpa, mas eles estão prontos para abandonar a exploração dos recursos fósseis? 80% da energia produzida no mundo vêm destes combustíveis, que também são os alicerces de muitas nações e grupos econômicos.

Apesar de óbvios, os argumentos a favor dos recursos renováveis e pela preservação do meio ambiente parecem ser incapazes de convencer quem não deseja perder posições no tabuleiro político e econômico.

Segundo o instituto de pesquisa WRI, “a perda de floresta primária no Brasil aumentou em 25% em 2020, em comparação com o ano anterior”, colocando o país na liderança mundial, com 1,7 milhões de hectares perdidos. Em sintonia, o presidente Jair Bolsonaro pretende investir R$ 20 bilhões nas extremamente poluentes usinas térmicas a carvão mineral.

A velocidade com que reduziremos a dependência dos combustíveis fósseis, diminuindo o carbono na atmosfera e o aquecimento global, dependerá em grande parte dos negócios gerados a partir de energia solar, eólica e hídrica, entre outras. Tudo sem desequilibrar as relações de poder estabelecidas por países, indústrias e investidores.

Um caminho para a economia de baixo carbono

Se as promessas feitas na COP 26 parecem distantes da realidade, outras três letras têm potencial para reverter a perspectiva desanimadora. ESG é a sigla em inglês para as boas práticas com o meio ambiente, a inclusão social e a governança corporativa. As suas diretrizes estão norteando investimentos pelo mundo.

Hoje existem centenas de fundos que só aceitam empresas comprometidas com a Agenda ESG, incluindo o fim da devastação de florestas e a transição energética. Investidores individuais, por sua vez, apostam cada vez menos em empresas que não se preocupam com o meio ambiente.

Mesmo as companhias com o capital fechado estão sendo pressionadas para atenderem às expectativas do ESG, antes de terem a reputação manchada e os lucros reduzidos.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, já mobiliza os associados para o uso de fontes renováveis, mostrando compromisso com a sustentabilidade. Os resultados das suas iniciativas estão sendo apresentados em Glasgow.

Se a desconfiança que antecede as revoluções está se repetindo agora, a mola propulsora para uma economia de baixo carbono dependerá principalmente da pressão do cidadão comum.

One Comment

  1. Pingback: Atlântico discute a crise energética do Brasil e as opções de novas matrizes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *