Reforma do IR pode ser aprovada em agosto

As negociações da reforma do IR (Imposto de Renda) avançam na Câmara Federal. Em 13 de julho, foi apresentado um parecer preliminar do deputado Celso Sabino (PSDB-PA), que repaginou totalmente o projeto inicial apresentado pelo governo. Ele prevê uma redução agressiva da alíquota do IRPJ de 25% para 12,5% mas, mantém a taxação dos dividendos em 20%. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, afirma que o texto final deve ser votado no início de agosto.

Para as empresas que distribuem menos de 60% do lucro, aproximadamente, haverá queda da carga tributária. Este é o caso da maioria das empresas do regime de lucro real. Entretanto, a tributação percebida pelo acionista permanecerá a mesma. 

A proposta eleva a tributação das empresas do regime de lucro presumido e do Simples. Por esta razão, estão sendo previstos mecanismos de isenção para as pequenas empresas. Ainda assim, as empresas do lucro presumido serão penalizadas.

Falta de isonomia

O atual projeto  falha ainda em três aspectos. Em primeiro lugar, não trata os iguais de forma igual, isto é, continua distinguindo lucro real do lucro presumido e do Simples, assim como, continua distinguindo a tributação da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica. Também não estabelece progressividade, do ponto de vista da capacidade contributiva dos contribuintes. Não promove uma evolução racional do sistema tributário, ou seja, continuamos com “puxadinhos”.

O segundo aspecto é o impacto que a redução do Imposto de Renda terá sobre o repasse para os Estados e Municípios. O Comsefaz já estimou que as mudanças causarão uma perda de, pelo menos, R$ 27,4 bilhões ao FPE (Fundo de Participação dos Estados) e do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), prejudicando o equilíbrio fiscal e as políticas sociais dos entes federativos. Sem solucionar esta questão, o projeto dificilmente será aprovado.

Por fim, o texto atual não especifica que a tributação dos dividendos será válida para o lucro apurado a partir de janeiro de 2022. Se o texto final for aprovado sem esta correção, justificará uma série de demandas judiciais junto ao STF.

Aumento da CBS

Outra suspeita que paira em relação ao projeto é que a redução do IR irá resultar em aumento da alíquota da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). A CBS foi apresentada na primeira etapa do projeto  do governo, em substituição ao PIS e a COFINS e segue em tramitação no Senado.

A votação do projeto – que chamam de reforma tributária – de forma fatiada, não permite saber o resultado final das mudanças propostas pelo governo. Caso a CBS seja aprovada com uma alíquota ainda mais alta do que a sugerida inicialmente, além do aumento de carga tributária, teremos elevação da tributação sobre o consumo e aumento da regressividade, indo na contramão do bom senso e das políticas adotadas no resto do mundo.

Proposta do Atlântico

O Atlântico – Instituto de Ação Cidadã defende uma reforma tributária ampla, que promova a simplificação, a desoneração e o crescimento da economia. Desde os anos 90, desenvolve ideias e propostas para auxiliar o debate público e alcançar estes objetivos. Estes esforços resultaram na Proposta Atlântico de Reforma Tributária, que é uma peça completa, pronta para discussão e votação.

O Atlântico considera que a proposta de reforma tributária do governo pode distorcer ainda mais o já caótico sistema tributário brasileiro, criando mais entraves para os investimentos e para a recuperação da economia. Por esta razão, está propondo a criação de uma comissão de alto nível, que reúna os principais especialistas na área tributária do Brasil, visando desenvolver uma proposta sistêmica, que não atenda a interesses de grupos específicos, mas que faça o Brasil alcançar todo o seu potencial de desenvolvimento.

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