Economia acende sinal amarelo

Passados quase dois meses do início da quarentena, não se sabe ao certo quando será o pico da pandemia no Brasil, que pode ocorrer entre maio e julho, conforme afirma o Ministério da Saúde. A flexibilização das medidas de isolamento social deve ocorrer de forma diferenciada para cada região e município, mas não há previsão de início antes da queda do número de óbitos e de novos casos. Entretanto, a economia já acendeu o sinal amarelo.

O ministro Paulo Guedes, em visita ao STF em 7 de maio, explicou que os auxílios emergenciais protegeram empresas e empregos por dois ou três meses, mas não conseguirão sustentar a economia a médio prazo. A indústria está ameaçando colapsar, o que pode tornar uma retomada muito mais difícil. Por esta razão, o comitê que reuniu além de Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro, empresários de diversos setores e outros ministros, solicitou ao presidente do STF Dias Toffoli um planejamento para a retomada das atividades da indústria.

A reinvidicação ocorre na mesma semana em que o IBGE (Pesquisa Industrial Mensal – PIM) anunciou uma queda de 9,1% na produção industrial de março de 2020 em relação ao mês anterior, com base na série dessazonalizada, situando a produção ao nível aproximado de agosto de 2003. É o pior resultado da indústria desde março de 2018; no ano, a indústria acumula uma queda de 1,7% e, em doze meses, 1%.

Os dados do varejo também não são animadores. O “Boletim Cielo – Impacto do COVID-19 no Varejo Brasileiro” mostra que houve uma queda de 29,2% nas vendas do varejo de 1 de março a 5 de maio de 2020. O setor de serviços – que inclui turismo e transportes, assim como bares e restaurantes – foi o mais afetado, seguido pelo setor de bens duráveis, no qual a categoria vestuário teve a pior queda.

Adicionalmente, a agência de classificação de risco Fitch Ratings revisou de “estável” para “negativa” a perspectiva para a nota de crédito soberano do Brasil. A revisão foi motivada pela deterioração econômica e fiscal associada à incerteza política, em um cenário de indefinição da duração e intensidade da pandemia. Segundo a agência, diante disto, a capacidade do governo de ajustar as contas públicas e realizar reformas após a pandemia pode vir a ser afetada.

O Atlântico – Instituto de Ação Cidadã tem alertado sobre a necessidade de medidas de estímulo mais arrojadas e em maior montante. A ausência da realização rápida de um plano estratégico de suporte financeiro emergencial, controle dos gastos públicos e estímulos aos investimentos, conforme proposto pelo Instituto, pode já estar cobrando seu preço, através de uma recessão desnecessariamente profunda.

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