BNDES e o financiamento de pequenas e médias empresas

Em entrevista ao portal Poder 360, Paulo Rabello de Castro, economista e fundador do ATLÂNTICO, declarou que o BNDES ficou sem disponibilidade para alavancar a economia, depois das devoluções antecipadas ao Tesouro Nacional realizadas de 2015 até recentemente.

Os valores emprestados pelo banco com base nas captações realizadas junto ao Tesouro Nacional de 2008 a 2014 serão resgatados no longo prazo. Neste meio-tempo, o banco não terá condições de elevar expressivamente a concessão de novos financiamentos. Paulo Rabello esclareceu que o banco não está numa situação de risco financeiro, pois continua recebendo uma parcela dos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), mas terá dificuldade em aumentar o nível e o ritmo das concessões.

Novas captações junto ao Tesouro Nacional são difíceis, mas há alternativas, como o uso de recursos externos ou de uma parcela das reservas cambiais. Estas alternativas devem ser muito bem estudadas, para que o banco não entre novamente em um processo de desequilíbrio.

BNDES e as PMEs

Na opinião de Paulo Rabello, a prioridade do BNDES deverá ser dada às pequenas e médias empresas (PMEs). Ele acredita que o caminho será o empréstimo direto do banco para as PMEs, com base no seguro garantia. Isto exigiria uma agilidade muito maior, constituindo um novo desafio em relação às práticas tradicionais do banco.

Em geral, as PMEs são empresas de capital familiar, cujo risco de crédito está relacionado com a gestão realizada pelos proprietários. Por outro lado, estas empresas são grandes geradoras de emprego e de demanda pulverizada por máquinas e equipamentos, com alto grau de irrigação na economia.

Paulo Rabello faz uma ressalva, pelo fato de o BNDES não ter a capilaridade necessária para atingir a miríade de pequenas empresas. Deverão ser encontradas maneiras de atingir este público, por exemplo, por meio de fundos de gestores específicos. No caso das médias empresas, a negociação é mais rápida e pode utilizar o seguro garantia, tornando o crédito mais barato para estes empresários.

O objetivo é baratear e expandir o crédito de maneira criteriosa. Com isto, haverá a redução do custo financeiro da produção. A outra revolução necessária é a redução do custo tributário de produção, através da Reforma Tributária, simplificando a vida das empresas e aumentando sua competitividade.

Existe também uma revolução regulatória a ser feita. Apesar da lei de liberdade econômica e outras tentativas, o empresário brasileiro é escravo da burocracia”, completou Paulo Rabello. “Precisamos de um xerife da desburocratização nacional. O presidente Lula agradaria muito o empresário brasileiro anônimo, assumindo este papel”.

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