O Banco Itaú está projetando o desaquecimento da economia brasileira no segundo semestre de 2021 e uma contração de 0,5% em 2022. Outras instituições também prevêem a contração do PIB, segundo o relatório Focus. O próprio Ministério da Economia teve de revisar suas projeções em 17 de novembro, reduzindo as expectativas de crescimento para 2021 e 2022.
De fato, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central apontou queda de 0,27% no mês de setembro e de 0,14% no terceiro trimestre do ano. O IBC-Br é uma prévia do desempenho dos setores da economia. Com a queda, o índice recuou para 138,56 pontos, ficando abaixo dos 140,02 do último mês antes da pandemia (fevereiro de 2020).
Como houve queda do PIB de 0,1% no segundo trimestre deste ano, caso o resultado negativo seja confirmado pelo IBGE em 2 de dezembro, estará configurada uma recessão técnica.
Alta da inflação e dos juros
A elevação da taxa de juros explica as previsões negativas para o PIB. A política monetária restritiva visa combater a alta da inflação, que já ultrapassou os dois dígitos no acumulado dos últimos doze meses.
A PEC dos precatórios e a intenção do governo de furar o teto de gastos contribui para o desempenho ruim da economia, pois o mercado começa a perceber riscos maiores de uma trajetória fiscal insustentável. A perda da credibilidade da política fiscal afeta também a taxa de câmbio e a própria inflação.
Outros fatores que influenciaram as previsões foram os gargalos causados na indústria pela quebra da cadeia de suprimentos, os problemas de oferta de energia e a alta dos preços dos insumos.
Do lado da demanda, os brasileiros amargam a perda do poder de compra em decorrência da aceleração da inflação e do mercado de trabalho fraco, que dificulta o realinhamento dos salários.
As projeções apontam inflação alta também em 2022, afetando inclusive as contas públicas. O Orçamento da União estimou gastos com benefícios previdenciários, renda mensal vitalícia, abono e seguro-desemprego com base em uma variação do INPC de 6,2%. A variação maior da inflação poderá resultar em gastos adicionais de R$ 30 bilhões.
Perda de oportunidade histórica
A gestão amadorística do atual governo fez danos profundos à economia, piorando a situação fiscal do país, causando perda de confiança e promovendo a aceleração da inflação. Isto, sem falar na ausência de respostas para os problemas sociais agravados pela pandemia, como o desemprego, o aumento da pobreza e a fome.
O Brasil perdeu uma oportunidade histórica de realizar as importantes reformas que necessita: a reforma constitucional, a reforma administrativa e a reforma tributária. São reformas que o Atlântico – Instituto de Ação Cidadã defende há três décadas e que são imprescindíveis para que o país supere o atraso e volte a crescer.
Aos brasileiros, resta votar com consciência nas eleições de 2022 e evitar que um novo desastre aconteça.