O Brasil enfrenta um processo de desindustrialização desde a década de 80, intensificado nos últimos anos. A participação da indústria no PIB caiu de 23,1% em 2011 para 18,9% em 2021. O faturamento real do setor teve um pico histórico em agosto de 2013, porém recuou 22,5% até fevereiro de 2022.
A crise das contas públicas de 2015/2016 e a pandemia contribuíram para o enfraquecimento da indústria, mas as raízes do processo são os problemas estruturais do país. Trata-se do “custo Brasil”, discutido há décadas e nunca solucionado. É composto, principalmente, por um sistema tributário complexo, carga tributária alta, burocracia excessiva, infraestrutura precária e deficiente, e juros altos. Outro componente importante é a falta de mão de obra qualificada. O país é deficiente na formação de trabalhadores, e as crises econômicas constantes causam a fuga de talentos.
A redução da importância relativa da indústria é observada nos países desenvolvidos, mas ocorre apenas quando estes países atingem um estágio de evolução alto e um nível de renda elevado. Muito diferente do que vemos no Brasil, com empresas deixando o país ou fechando as portas.
Desemprego e renda baixa
A indústria é um importante foco de inovação e possui um nível de tecnologia maior do que dos outros setores. Por esta razão, gera empregos de melhor qualidade, com maior formalização e média salarial mais alta. O encolhimento do setor, antes do país tornar-se desenvolvido, gera desemprego e queda de renda.
Não por acaso, 12 das 27 unidades da Federação possuem mais beneficiários do programa Auxílio Brasil do que trabalhadores com carteira assinada. A maioria dos casos ocorre em estados das regiões Norte e Nordeste. Se considerarmos todo o país, os beneficiários do Auxílio Brasil somam 18 milhões, diante de 41 milhões de trabalhadores formais. Ou seja, um contingente de dependentes de programas do governo equivalente a 44% dos trabalhadores formais. A renda média real do trabalhador também está em queda, devido à inflação e o desemprego elevado.
O descaso dos nossos políticos em resolver os problemas do país, desenvolver políticas públicas favoráveis ao ambiente de negócios e empreender as reformas necessárias, mostra o seu resultado perverso: atraso e pobreza. A indústria brasileira encolhe, destruindo empregos e oportunidades. O legado do esforço de gerações passadas é desperdiçado e destruído.
Reforma Tributária
O nosso sistema tributário é um dos complexos do mundo e é resultado de uma sucessão de “puxadinhos” legislativos construídos ao longo de décadas, visando unicamente aumentar a arrecadação para um Estado inchado e perdulário.
O Atlântico defende a realização de uma reforma de Estado, que atue em duas frentes. Primeiro, revendo os gastos públicos e cortando despesas. Na outra frente, realizando uma reforma tributária ampla, que promova a simplificação e desoneração dos contribuintes.
O Instituto também entende que a realização desta reforma deve ser precedida por uma revisão Constitucional que limite a atuação do Estado e beneficie a liberdade de ação dos cidadãos.
Pingback: Indústria de alta tecnologia perde espaço - Atlântico - Instituto de Ação Cidadã