Brasil vai dar certo, apesar de Brasília

2021 é o ano do acerto de contas. “Se 2020 foi um ano de “gastança”, este ano será o ano da “pagança””, afirmou Paulo Rabello de Castro. “Ainda assim, é preferível o acerto financeiro e fiscal com produção, do que a “gastança” com enorme desemprego de recursos e pessoas”, refletiu o economista e fundador do Atlântico no evento on-line Conexão 2021, promovido pela Conexão Empresarial, no qual o analisou o cenário macroeconômico de 2021.

“O governo gastou muito e gastou mal. Concedeu o auxílio emergencial para um contingente muito grande de pessoas, – 67 milhões de pessoas, 80% do total de pessoas ocupadas, que era 82 milhões de pessoas – sem calcular que a pandemia pudesse se estender, como está ocorrendo.”

Agenda 2020

O Atlântico – Instituto de Ação Cidadã apresentou ao chefe da Casa Civil, general Braga Netto, a Agenda 2020 do Instituto – o “Plano de Retomada Consciente” – que tem características diferentes das ações adotadas pelo governo.

“O Atlântico tem entregado trabalhos de extremo significado macroeconômico para as autoridades. Mas, uma das características brasileiras é o uso zero de boas ideias por parte das autoridades.”, criticou o economista. “Brasília é um lugar oco, onde as discussões nada têm a ver com planejamento e metas para o Brasil.”

Na opinião de Rabello de Castro, o orçamento de guerra foi uma licença para gastar. “Tivemos gastos sem retorno, ou seja, gastos puramente fiscais. Ter apoiado as pequenas empresas, de forma que elas pudessem ter sustentado o nível de emprego, teria sido uma saída mais adequada. Entretanto, o apoio financeiro às micro e pequenas empresas foi insuficiente e tardio e muitas delas fecharam as portas.”

“O ministério da Economia comemora o número alto de abertura de novas empresas. Porém, o que ser observa são pessoas que faliram ou desempregados se reorganizando como MEI, pois está muito difícil encontrar um emprego CLT.”

O governo também concedeu um auxílio desmedido aos entes federativos sem contrapartida, aumentando ainda mais o déficit fiscal da União. Ao menos, deixou os Estados em uma situação mais equilibrada. Até mesmo Minas Gerais, que tem uma dívida muito alta, ficou em uma condição melhor do que teria, caso tivesse enfrentado a pandemia sozinha, segundo a análise de Rabello de Castro.

Há aspectos muitos aspectos positivos na conjuntura de 2021, auxiliando o processo de recuperação da economia, que já se esboça no setor agropecuário, na mineração, na construção civil e até mesmo na indústria de transformação. “O Brasil produtivo se alinha na recuperação, ainda que a inflação esteja em alta, que o Banco Central aumente a taxa de juros e que um novo auxílio emergencial não consiga estimular a demanda como no ano passado”, na visão do economista.

“O Brasil é resiliente e irá vencer as adversidades. Vai dar uma resposta à crise, seja o governo  bom ou ruim.”, prosseguiu citando como exemplo o fato do caixa das grandes empresas ter dobrado durante a crise, gerando capacidade financeira para a retomada. “Há motivos para ter otimismo com o Brasil, mas Brasília inspira pessimismo.”, analisou Rabello de Castro.

“Os detentores do poder em Brasília devem investir seu tempo, energia e capacidade para melhorar o Brasil.”, completou o economista.

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