A revolução dos veículos elétricos e da energia solar

A substituição da frota de carros movidos por combustíveis fósseis pelos veículos elétricos reduzirá a emissão de gases causadores do efeito estufa, diminuindo a poluição atmosférica e a poluição sonora nas cidades. Não apenas isto, também trará uma revolução na economia, com a criação de oportunidades de investimentos, modificação da cadeia produtiva e criação de novos postos de trabalho. É um movimento positivo que o país não pode perder.

Este processo envolve a criação de uma nova estrutura de produção de veículos, fornecedores de peças, abastecimento, manutenção e descarte. Demandará também a expansão da oferta de energia elétrica.

Novas fontes de energia elétrica

O Brasil possuía um grande potencial de geração de energia hidrelétrica, mas, em decorrência das mudanças climáticas e do esgotamento das possibilidades de exploração desta energia, esta condição foi muito reduzida.

Para nossa sorte, o Brasil é um país grande e com alta incidência de raios solares. Também possui um grande potencial de produção de energia eólica, com grande incidência de ventos. Ou seja, o país tem plenas condições de expandir a oferta de energia limpa, sustentável e barata nos próximos anos.

A utilização dos veículos elétricos ajudará a fomentar a utilização destas fontes renováveis, trabalhando duplamente na redução da emissão de gases do efeito estufa. Também diminuirá a dependência de petróleo e da importação de derivados.

Porque o carro elétrico ganhará as ruas:

·        Os preços dos carros elétricos caíram muito nos últimos anos, aproximando-se do cobrado pelos carros à combustão interna. A queda deve acelerar a partir de 2022;

·        As baterias de íon-lítio se tornaram muito mais baratas (os preços acumularam redução de 90% em menos de dez anos), viabilizando a comercialização dos veículos;

·        As baterias também tiveram a autonomia ampliada, com menor tempo de carga;

·        Outra grande vantagem é o rendimento. Enquanto motores à combustão interna têm um grau de aproveitamento da energia de 20%, os motores à eletricidade têm aproveitamento de mais de 80%;

O desenvolvimento dos carros elétricos ainda está em andamento e a indústria automobilística está competindo para estabelecer o design dominante. Estão disponíveis no mercado veículos elétricos puros, movidos apenas por baterias elétricas, e os veículos híbridos, que combinam motores à combustão interna e baterias elétricas. Existem ainda os veículos elétricos movidos à célula de hidrogênio, que possuem um motor elétrico alimentado por uma célula eletroquímica, que converte a energia química do hidrogênio em energia elétrica.

Desafios do carro elétrico:

·        Um desafio para a difusão dos carros elétricos é a existência de uma rede de estações de carregamento, que traga confiança aos compradores de carros elétricos. Não é apenas uma questão de disponibilidade, mas também de compatibilidade, pois os carregadores disponíveis devem corresponder ao necessário para cada tipo de veículo.

·        Outro desafio é o descarte das baterias, que podem se tornar um novo problema ambiental. De olho nesta questão, um mercado de reciclagem já começa a se organizar, inclusive como forma de reduzir os custos da matéria-prima para a produção das baterias.

Os carros elétricos devem se tornar comuns na próxima década. A Conferência do Clima da ONU (COP26), realizada em novembro deste ano, firmou um acordo para incentivar a transição para veículos com emissão zero o mais rápido possível. Os países signatários do acordo se comprometeram a cessar a venda de veículos poluentes entre 2035 e 2040. O Brasil não assinou o acordo.

Mudança na matriz energética

O país precisa se preparar para esta revolução. Em primeiro lugar, se conscientizando da necessidade de expandir o uso da energia solar e eólica, diminuindo a dependência da energia hidrelétrica e a suscetibilidade do país aos fenômenos climáticos, como a seca deste ano. Em segundo lugar, fazendo sua “lição de casa” e realizando as reformas necessárias para desatar o nó central da economia brasileira e aumentar a produtividade do país.

O Atlântico analisou em diversos artigos a necessidade de realização da reforma do Estado, reduzindo as despesas, simplificando e desonerando o sistema tributário. Para viabilizar a realização destas reformas estruturais, a revisão constitucional é urgente.

Preparando a economia para esta revolução e desenvolvendo um planejamento de longo prazo, com a transição da matriz energética e a estruturação da cadeia produtiva dos carros elétricos, o Brasil poderá se beneficiar desta onda tecnológica e conquistar um boom de crescimento.

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