Propostas para a superação da crise (1)

O economista e membro do Atlântico, Paulo Rabello de Castro,elaborou com sua equipe da RC Consultores um conjunto de medidas inovadoras para minimizar o impacto da recessão causada pela pandemia do COVID-19. Chamado de “Programa de Retomada Consciente”, ele projeta os cenários possíveis para o Brasil, estimando como o mais provável, no momento, aquele que reflete pouca ação do governo, sem medidas de recuperação amplas e consistentes. Nesse cenário, haverá uma queda de 4,5%do PIB em 2020 e o desempenho da economia em 2021 será seriamente afetado.A crise pode gerar um déficit primário de 500 bilhões este ano e de 350 bilhões em 2021, com um aumento da dívida pública brasileira em mais de 1 trilhão de reais e a elevação da relação dívida/PIB para aproximadamente 100%.

Rabello de Castro frisa a importância de retomar o crescimento,neste momento, com ações ousadas e um plano virtuoso.Não permitindo que a economia siga a trágica trajetória recessiva em forma de L, o que traria um maior empobrecimento da população brasileira pelo dramático desaparecimento das empresas, e dos investimentos nos setores produtivos. Se ousarmos, adverte, o crescimento possibilitará pagar a conta da crise e manter os empregos.

As medidas devem ser tomadas já. Uma das soluções imediatas para estimular a economia é a irrigação da demanda e o atendimento imediato da população vulnerável, o chamado “dinheiro de helicóptero”. Mas, é preciso também lançar,sem perda de tempo,os “flutuadores”, ou seja, os mecanismos para alcançar o equilíbrio fiscal de médio e longo prazo e, principalmente, de um plano de estímulo aos investimentos. O economista é otimista em relação a isto e considera que a “encruzilhada” na qual nos encontramos pode nos levar “a uma efetiva retomada sustentada e surpreendente da economia brasileira”.

Prosseguir com as reformas estruturais, que estão em andamento no Congresso, é fundamental para alcançarmos este cenário positivo. Reformas consistentes irão deflagrar o aumento da produtividade e promover a contenção das despesas públicas, necessária para equilibrar o orçamento fiscal. A gravidade da crise faz com que o governo não fale em conter despesas, neste momento, entretanto, é necessário fazer “uma revolução da eficiência dos gastos”, defende Rabello de Castro. A excepcionalidade da presente situação deve fazer com que o governo estabeleça um corte linear de 10% das despesas do orçamento geral em todas as áreas não essenciais, o que poderia gerar uma economia de 150 bilhões de reais. Um corte como este, aliado à reestruturação dos gastos públicos, permitiria equilibrar as contas públicas, sem prejuízo do aumento dos gastos com saúde pública, pesquisa biológica e vacinas. A hora é de coragem e ousadia inteligente!

Por Cintia Furtado

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