Inflação foi o primeiro tema da entrevista de Paulo Rabello de Castro ao jornalista Claudio Dantas, no programa “Papo Antagonista”, desta segunda (13/2).
Após a perspectiva de alta do IPCA, apontada pelo último relatório FOCUS, o economista e fundador do ATLÂNTICO comentou que o ajuste foi mínimo (5,78%-5,79%/ano), mas acima do limite superior da meta (4,75%/ano). “Esse ponto percentual acima da meta não chega a ser uma catástrofe, mas é o terceiro ano que o Banco Central fura a meta almejada, apesar de todos os seus esforços”, explicou. “Aí começam ataques ao desempenho do Banco Central, tendo em vista que nós praticamos a taxa básica de juros mais elevada do mundo e temos, talvez, a estrutura de juros mais distorcida, em termos daquele que paga o custo de um crédito no Brasil. E, nem por isso, temos o resultado inflacionário adequado ou, pelo menos, compatível com a meta. É razoável perguntar: É a nossa maneira de fazer a inflação cair, que é pouco eficiente? É a meta que é muito rigorosa para um país que ainda tem severos traços de indexação – de acompanho de perto da taxa de inflação do passado? O que está errado neste processo? E entra o fator político, para agravar tudo, num cenário que deveria prevalecer o bom senso econômico”.
Sobre os ataques do presidente Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Rabello concorda que o movimento não ajuda a recompor as expectativas do mercado. “Os fatos objetivos são que nós praticamos a taxa de juros real – já descontada a taxa inflação – mais elevada do mundo e não temos a situação de país mais arriscado do mundo. Pelo contrário, quanto ao risco de crédito, somos um país de risco mediano”, explica. “É um erro estrutural (da política econômica), que vem sendo perpetrado no Brasil há muitos anos”.
Segundo o fundador do ATLÂNTICO, o presidente Lula é um operador político por excelência e está personalizando o problema na figura de Campos Neto, mas esta não é uma questão pessoal. “O que ele quer obter é uma rediscussão deste processo, obviamente com interesse político numa eventual reestruturação dos nomes da diretoria. A figura do presidente do Banco Central deveria ser respeitada até o final do mandato”.
JOVEM PAN
Ainda no âmbito da conjuntura econômica, Paulo Rabello foi convidado pela Jovem Pan para comentar a posse de Aloizio Mercadante como presidente do BNDES. Durante a entrevista ao Jornal da Manhã, o economista defendeu o resgate do compromisso do banco com o desenvolvimento do Brasil e o apoio da instituição às pequenas e médias empresas.
.Assista à entrevista exibida em 6/2: