Em abril de 2002, o ATLÂNTICO promoveu o “Encontro com os Presidenciáveis” em conjunto com a Bovespa e a Força Sindical. O evento reuniu trabalhadores, empresários, profissionais liberais e a mídia para uma conversa sobre o futuro do país.
Uma sequência de debates foi realizada com os quatro melhores colocados nas pesquisas eleitorais: Ciro Gomes, Anthony Garotinho, José Serra e Lula. Uma agenda de temas comuns às três instituições organizadoras foi apresentada aos candidatos que tinham uma hora para apresentar as suas propostas e responder às perguntas da plateia.
“Por trás das muitas e acentuadas diferenças de estilo e de substância, as exposições revelaram um grau elevado e perigoso de improviso no discurso dos candidatos diante dos desafios expostos à sua consideração”, destacou Paulo Rabello de Castro, economista e fundador do ATLÂNTICO, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, na época.
Paulo Rabello destacou ainda o assalto dos governos sobre os rendimentos gerados no país com a carga tributária de 35% do PIB. “Mas essa dinheirama colossal de receitas fiscais, embora toda ela transformada em gastos públicos, é incapaz de satisfazer as demandas básicas da população, a começar pela insegurança dos cidadãos nas ruas, até dentro das casas”, completou.
No país que não consegue renovar as suas lideranças – dois dos candidatos de 2002 estão entre os mais bem colocados nas pesquisas em 2022 – os assuntos também se repetem. Se há 20 anos os debatedores não tinham uma visão clara de futuro, nos vinte anos seguintes vivenciamos o resultado deste despreparo e seguimos com as mesmas questões por resolver.
As críticas feitas pelo fundador do ATLÂNTICO sobre “o tremendo descompasso entre o montante de recursos postos nas mãos do poder público e o seu efetivo retorno em serviços prestados à comunidade” são mais verdadeiras que nunca.