A falta de planejamento – e prudência – do governo está colocando a recuperação da economia brasileira em risco. O país passa por uma grave crise hídrica, com reservatórios para a geração de energia elétrica possivelmente exauridos no segundo semestre. Entretanto, o ministro da Energia diz que está tudo sob controle, enquanto o ministro da Economia alardeia a produção “bombando”. Para não ter que lidar com a frustração do seu devaneio de retomada econômica, o governo assume o risco de colapso hídrico, com gravíssimos reflexos para a população.
A falta de planejamento se estende à falta de um olhar correto sobre a gestão ambiental, na qual está inserida a gestão dos recursos hídricos. O governo não se atenta aos alertas da mudança climática em curso, que colocam em risco a abundância de água do país.
Falta encarar a sério a expansão das fontes renováveis de energia, para que o país supere os voos de galinha e passe a ter crescimento sustentado. Temos um déficit de produção elétrica instalada da ordem de 5 mil MW, sendo necessários mais 5 mil MW para suportar uma expansão da economia de 3% anuais. A energia fotovoltaica teria o mais rápido coeficiente de resposta para esta demanda de energia, mas tamanho desafio exige também mais eólicas, mais geração hídrica e a gás e a conclusão da novela de Angra 3.
A crise hídrica traz o perigo de descontrole inflacionário crescente, pela explosão do custo da energia nos próximos meses e anos. O risco para a frágil recuperação industrial é enorme, assim como para a recuperação de empregos, num país sobrecarregado por jovens sem oportunidade de trabalho.
O governo apenas silencia. Leia a íntegra da análise Paulo Rabello de Castro, economista e membro do Atlântico – Instituto de Ação Cidadã, publicada no jornal Estado de Minas em 05 de junho de 2021:
Brasil faz travessia arriscada para recuperar economia: pode faltar energia