O prolongamento da pandemia de Covid amplia de forma gritante o estancamento do Brasil frente aos países líderes. A inflação em alta e a renda pessoal em baixa geram conflitos intransponíveis quase às vésperas das eleições, impedindo avanços na agenda de reformas. Consequência previsível: estamos ficando miseravelmente para trás.
A Covid desmascarou as nossas instituições e lideranças. Houve reação do governo, mas a falta de orientação e supervisão dos gastos no combate da pandemia agravou o rombo fiscal perigosamente. O país perdeu a oportunidade de aproveitar a crise para acelerar o passo com mais investimentos.
Como se não bastasse, o Congresso “esqueceu” a verba mais importante do Orçamento 2021: meros R$ 2 bilhões para a realização do Censo do Brasil. Na ausência de uma fotografia atualizada do país, o planejamento e a formulação de políticas públicas saem prejudicados neste momento crucial.
A ineficiência gerencial é pandêmica. Era crônica e já havia feito o país estancar na década passada. O coronavírus fez a ineficiência se agravar, como uma espécie de segunda pandemia brasileira. Enquanto os Estados Unidos, a China e a Europa definem os seus planos de investimentos para vencer a crise e saírem dela melhores, o Brasil segue paralisado, contemplando as discussões da CPI da Covid.
Esta é a análise de Paulo Rabello de Castro, economista e membro do Atlântico.