O Brasil vive há décadas sem um crescimento econômico significativo. Mas, desde 2014 nossos números se tornaram um desastre. Para o Brasil real, desemprego, queda da renda real, fechamento de milhares de empresas, agravamento das condições sociais, se tornaram uma constante. Não no Brasil oficial, onde as crises passaram longe… Mesmo na pandemia quando a situação se tornou crítica para o cidadão comum, suas excelências e grande parte da burocracia só sabiam das dificuldades pelos noticiários. Aliás, melhorou. A burocracia oficial que já trabalhava pouco, passou a trabalhar menos…sem qualquer alteração de vencimentos.
Não bastasse isso, nossos digníssimos “representantes” no Congresso Nacional e seus primorosos partidos embolsaram, nada menos que R$ 50 bilhões do deficitário Orçamento de 2022. Eu disse: CINQUENTA BILHÕES. R$ 26 bilhões em emendas parlamentares e de bancada, R$ 16,5 bilhões em emendas secretas do relator, R$ 4,9 bilhões do fundo eleitoral e R$ 2,6 bilhões do fundo partidário.
O advogado Modesto Carvalhosa, em artigo do jornal O Globo publicado em 19 de abril, analisou que esta mega fortuna, equivalente (pasmem) a 10 bilhões de DÓLARES é “retirada dos impostos que pagamos para nunca termos serviços públicos decentes. Com esta fortuna surrupiada dos cofres da União, (dinheiro extorquido dos contribuintes) os eternos representantes do povo procuram se reeleger na base do escancarado abuso do poder econômico, teoricamente vedado pelas leis eleitorais”, completou Carvalhosa. Disse ele ainda, sobre o destino dos recursos: “…se prestam em primeiro lugar à dar um upgrade nas fortunas dos próprios parlamentares (com raríssimas exceções), e o resto, o troco, para contratar fabulosos marqueteiros e entupir de dinheiro cabos eleitorais, influencers, blogueiros, rappers…prefeitos, vereadores e toda espécie de gente que gravita em torno dessa caterva fisiológica que mantem o nosso atraso social.”
O advogado criticou duramente a passividade da sociedade brasileira perante estes desmandos. De fato, se as pessoas foram às ruas para protestar contra a corrupção, por que estão quietas diante destes fatos?! O esbanjamento e o desperdício dos recursos públicos, já é por qualquer medida revoltante e condenável. Agora, em um contexto de estagnação da economia, com milhões de desempregados, sistemas de saúde e educação precários, é um escárnio ao cidadão! Esses deveriam estar tão ou mais indignados do que quando dos protestos de 2013 e os protestos pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Por outro lado, Carvalhosa ressaltou que a sociedade pode romper com o imobilismo e resistir à opressão, sem recorrer à violência. “Por isso tudo, é imprescindível que nos organizemos para exigir, mediante plebiscito, o fim da reeleição para qualquer cargo eletivo, a adoção do voto distrital, a apresentação de candidaturas independentes, o fim das emendas parlamentares ao Orçamento, a eliminação do fundo eleitoral e do fundo partidário, a investidura dos ministros do Supremo por antiguidade”, defendeu.
O ATLÂNTICO endossa a indignação de Modesto Carvalhosa diante da desfaçatez e impunidade com que nossos mandatários sugam os recursos do setor produtivo e dos cidadãos, para depois desperdiçar com gastos estéreis, que servem apenas aos seus próprios objetivos.
O Instituto alerta em seus artigos e publicações nas redes sociais, que o setor produtivo não consegue mais sustentar o Estado brasileiro. Destaca a importância da Reforma Tributária e da Reforma Administrativa para simplificar, desonerar a vida dos cidadãos e, reduzir despesas do Estado parasita. E isso pode e deve ser feito através de uma Reforma Constitucional.
Por Rafael Vecchiatti, presidente do Atlântico – Instituto de Ação Cidadã.