O Parlamento Europeu votou em setembro uma medida para desestimular a importação de produtos originários de áreas florestais derrubadas ilegalmente. A resolução depende de avaliação dos 27 países membros e deve ser publicada antes da COP 27, que acontecerá em novembro, no Egito.
O Ministério da Agricultura está analisando o impacto da decisão, pois a União Europeia é o segundo maior destino das exportações brasileiras, perdendo apenas para a China. Se aprovada, a medida tem potencial de afetar o nosso comércio internacional, com a sobretaxação de produtos originários da Região Amazônica e do Cerrado.
Até 80% da pauta de exportações do agronegócio brasileiro pode ser atingida, colocando em xeque a nossa posição de “celeiro” do mundo. Além de da carne bovina, suína e de frango, café, cacau e milho, também são atingidos móveis, papel, celulose e borracha, entre outros itens.
Segundo apuração do Correio Braziliense, as empresas importadoras serão responsáveis pela sua cadeia de suprimentos, devendo rastrear a origem dos produtos adquiridos, através da geolocalização das áreas de cultivo e de fotos de satélite. As empresas infratoras enfrentarão multas proporcionais aos danos ambientais.
Balança comercial em risco
Em 2021, o Brasil registrou a maior taxa de desmatamento desde 2006, revertendo décadas de esforço. Segundo os documentos preparatórios da COP 27, mais de 60% deste desmatamento está relacionado a commodities.
Com a questão ambiental no centro das negociações, a proposta do Parlamento Europeu demandará atenção imediata do próximo presidente. Os diplomatas brasileiros já admitem que o acordo entre Mercosul e Europa ficará paralisado enquanto não houver mudança de postura, assim, recuperar a reputação será fundamental para garantir a nossa presença em diversos mercados. A expectativa internacional é a revisão das políticas climáticas, reduzindo com urgência o desmatamento.