O economista e fundador do Atlântico, Paulo Rabello de Castro, participou da live do Clipping do Armando Ourique, CEO da Internews. Rabello de Castro começou sua exposição falando do aumento da inflação mundial e do custo de carregamento da dívida. Ressaltou que apesar das dívidas elevadas em relação ao PIB, os juros reais são baixos ou até negativos nos países centrais, de forma que os encargos não pesam tanto no orçamento dos governos destes países. Assista abaixo:
A alta da inflação mundial tem uma consequência positiva e negativa para o Brasil. Enquanto os preços das commodities, inclusive petróleo, estiverem subindo, a nossa balança comercial é beneficiada. Por outro lado, a aceleração inflacionária motiva a política monetária restritiva, fazendo os encargos da dívida pública brasileira subirem muito.
O economista também analisou o que identifica como o maior problema da economia brasileira. Com base no índice IBC-Br, identificou três cenários de crescimento do PIB do Brasil.
O primeiro cenário mostra o comportamento da economia brasileira de 2004 ao início de 2014, com taxas de crescimento econômico que “elegiam qualquer um”. De 2014 a 2017, o PIB apresenta uma queda acentuada. E no último cenário, de 2017 a 2021, o PIB brasileiro cresce a taxas bem inferiores àquelas do primeiro período, identificando a acentuação do declínio estrutural brasileiro.
O declínio estrutural reflete a essência do país, que “está acostumado a pegar dinheiro bom e direcioná-lo para atividades duvidosas”, frisou Rabello de Castro. Ou seja, existe um vazamento de boa produtividade do setor privado brasileiro – que ocorre há muito tempo, mas que se acentuou nos últimos anos – para prover uma máquina pública superdimensionada, que nunca é ajustada.
O coeficiente de extração de recursos por parte do governo federal chegou a 8% do PIB nos últimos anos, segundo os cálculos do economista. Estes dados revelam a causa das baixas taxas de crescimento do Brasil apontadas pelo IBC-Br.
Este é o grande desafio do próximo mandato presidencial. “Além de qualquer discurso de campanha, a agenda do próximo presidente tem que ser o ataque a este problema”, opinou Rabello de Castro.
“A tragédia do momento é a absoluta escassez de projetos efetivamente pensados e prontos. Perdemos o hábito de projetar, de pensar em cima de números.”, finalizou o economista.
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