O Brasil financia gastos públicos pesados e não cresce há 25 anos, mas está gerando aumento de arrecadação, seja por meio de privatizações ou internação de recursos do exterior. Desta forma, a receita total acompanha o crescimento da despesa total de forma cambaleante. A maioria dos economistas considera isto um equilíbrio fiscal.
“Pode haver um equilíbrio pontual, mas não existe o equilíbrio intertemporal”, avalia o economista Paulo Rabello de Castro. A afirmação do fundador do Atlântico foi feita no evento “Economia, e agora?” na segunda, 29 de novembro. O evento on-line foi promovido pela VB Comunicação e discutiu economia e finanças, com o apoio do Atlântico e da RC Consultores.
Rabello de Castro afirmou que a produtividade estagnada reflete os problemas da nossa função de produção. Estes problemas são decorrentes do avanço do setor público sobre o setor produtivo através do aumento da tributação, tanto a tributação indireta quanto a “tributação adiada”, que é o déficit primário. Os gastos excedentes (acima das receitas) aumentam a dívida pública e irão resultar em maior tributação no futuro, analisou o economista.
“O Brasil é um país rico, que conta com muitos recursos, apesar da desigualdade crescente causada pela pandemia. Com isto, consegue sobreviver, reproduzindo uma conformidade a esta extração crônica de recursos. O próximo ano terá crescimento baixo, mas terá bom desempenho arrecadatório. Enquanto isto perdurar, não haverá empenho da classe política no processo de reforma, que já foi adiado diversas vezes.”
Nas próximas eleições, as mesmas promessas vãs de reformas serão repetidas. “Mas, em algum momento será necessário realizar a tal virada”, afirmou Rabello de Castro. “No meu livro O mito do governo grátis, analisei a forma como diversos países aproveitaram esta oportunidade extraordinária”, continuou. “Para minha surpresa, até mesmo o ponto de virada foi adiado pelo Brasil.”
“Mediocridade, não colapso, é a verdadeira história da economia brasileira. Neste sentido, 2022 não irá nos trair e repetirá esta história. Mas, a esperança irá brotar novamente e haverá um período de otimismo, no qual a bolsa deverá ter uma recuperação”, finalizou.
Assista à íntegra da apresentação de Paulo Rabello de Castro: