O dragão da inflação volta a assustar

A inflação voltou a assustar. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou variação de 1,25% em outubro, alcançando 10,67% nos últimos doze meses. Essa variação foi maior do que a esperada pelo mercado, de 1,05%, e é a maior taxa para o mês desde 2002.

A inflação acumulada em doze meses já é a maior desde 2016 e deve fechar o ano acima dos dois dígitos, bem acima da meta de 3,75%.

Todos os nove grupos de bens e serviços pesquisados tiveram elevação de preços, mas o grupo de transportes teve a maior elevação, puxada pela alta dos preços dos combustíveis. A gasolina aumentou 3,1% em outubro e foi a maior alta individual no mês, totalizando 38,29% no acumulado do ano e 42,72% nos últimos doze meses.

A energia elétrica voltou a aumentar em outubro, mas teve elevação de 1,16%, ante a elevação de 6,47% em setembro.

Os vilões da inflação

A pandemia provocou desarranjos na cadeia produtiva e alta dos preços das commodities (incluindo o petróleo). Estes fatos impactaram nos custos de produção, mas a escalada da inflação é explicada por fatores internos.

O principal fator por trás da alta da inflação é a forte desvalorização do câmbio. O real é uma das moedas que mais se desvalorizou durante a pandemia, sendo que o dólar subiu 29% em relação ao real em 2020 e 6,34% em 2021. As turbulências políticas e as incertezas fiscais estão por trás da alta do dólar, e explicam a cotação acima de R$ 5,00. A falta de confiança afugenta os investidores, fazendo com que entre menos moeda estrangeira no país.

A alta do preço internacional do petróleo combinada com o dólar alto também ajuda a entender os aumentos dos preços dos combustíveis.

A crise hídrica é outro fator interno importante, cujo resultado é o encarecimento da energia elétrica. A escassez de chuvas tem diversas causas, mas a gestão da crise não está ajudando a melhorar o cenário.

A energia elétrica e os combustíveis impactam toda a cadeia produtiva, resultando em preços finais mais altos para os consumidores.

Efeitos da inflação alta

O efeito imediato da inflação é a redução da renda real e o empobrecimento da população. O efeito é acentuado no atual contexto de alto desemprego – 13,7% ou 14,1 milhões de pessoas no segundo trimestre – e ritmo fraco de recuperação econômica.

A inflação alta motiva a elevação dos juros, encarecendo o crédito, reduzindo os investimentos e desestimulando a economia.

O mercado já estima um ano de 2022 mais difícil. As pressões inflacionárias devem ser carregadas, resultando em elevação dos juros e menor crescimento do PIB.

Responsabilidade Fiscal

A falta de responsabilidade com o dinheiro público é extremamente nefasta. Além dos efeitos de longo prazo, de excessiva oneração dos contribuintes, perda da competitividade dos produtos nacionais e baixo crescimento econômico, é causa de instabilidade econômica no curto prazo.

Um dos golpes finais da gestão desastrada das contas públicas é a proposta de flexibilização do teto de gastos. Essa destruição da credibilidade do país pode resultar em um empobrecimento e estagnação econômica ainda maiores.

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