A pandemia da COVID-19 está provocando a maior recessão desde a crise de 1929, devido à paralisação da atividade global. São previstas grandes quedas no PIB, altas taxas de desemprego e fechamento de empresas. Este quadro está fazendo com que sejam adotadas amplas políticas de proteção à população vulnerável em todo o mundo, assim como de socorro às empresas e estímulo aos negócios.
Na contramão de todas estas ações, o Brasil não está agindo com a energia necessária para auxiliar a retomada do crescimento da economia. Envolvido nas mais diversas disputas de poder desde o início da crise, o governo federal não se mostra muito preocupado em liderar o processo de superação da crise econômica e de saúde pública. Pior que isto, está contribuindo para o aumento da incerteza e, desta forma está afastando ainda mais os investimentos, que precisam de um horizonte previsível.
De forma temerosa, além do Plano Pró-Brasil – investimentos em infraestrutura baseados em gastos públicos – há uma pressão por aumento das despesas públicas obrigatórias e permanentes, mesmo se sabendo da necessidade de manter o equilíbrio orçamentário para garantir a saúde da economia. Zeloso e ciente disto, o ministro Paulo Guedes tenta manter a elevação de gastos restrita a 2020.
As medidas de combate à crise provocada pelo novo coronavírus já somam R$ 350 bilhões este ano. O Banco Mundial prevê uma redução de 5% no PIB do Brasil; o aumento dos gastos e a queda da arrecadação podem elevar a dívida bruta do setor público a 93% do PIB no final do ano.
Em seus artigos semanais, o Atlântico tem destacado as políticas de estímulo econômico que podem ser adotadas, assim como as oportunidades de transformação que a crise pode proporcionar ao Brasil. As nossas propostas se baseiam no controle dos gastos e equilíbrio orçamentário intertemporal, concomitantes com políticas de aumento da liquidez e expansão do crédito para auxiliar as empresas, assim como investimentos em infraestrutura. De forma otimista, o Atlântico entende que a adoção das políticas sugeridas possa não apenas evitar uma recessão mais profunda, como pode elevar o produto potencial e reposicionar o Brasil no comércio mundial, desde que as políticas sejam adotadas no tempo certo e na intensidade necessária.