Publicado originalmente no Linkedin de Gustavo de Oliveira 05/05/2025.
O Brasil convive historicamente com taxas de juros entre as mais altas do mundo. Recentemente, segundo levantamento destacado pela CNN Brasil, os juros elevados podem custar até R$ 182 bilhões a mais por ano ao país. Esse custo não é abstrato, ele se traduz em menos investimentos, menos crescimento e mais dificuldades para empresas e consumidores.
Quando o Banco Central mantém a taxa Selic elevada para controlar a inflação, ele encarece o crédito, desestimula o consumo e o investimento e aumenta o custo da dívida pública. Empresas têm menos incentivo (ou até condições) para investir em expansão, inovação ou contratação, pois o custo do capital sobe. Famílias veem financiamentos imobiliários, de veículos ou mesmo o uso do cartão de crédito ficarem mais caros. Além disso, o governo destina mais recursos para pagar juros da dívida em vez de investir em saúde, educação ou infraestrutura.
O impacto vai além das contas públicas, estimativas mostram que para cada ponto percentual adicional na taxa Selic, o custo anual para o governo sobe em R$ 36 bilhões. Se multiplicarmos esse efeito, percebemos como os juros altos drenam recursos preciosos da economia real.
Mas sendo a inflação um mal ainda maior do que as altas taxas de juros, quais seriam as alternativas ao simples aumento dos juros para controlar a inflação? Uma delas é o aumento dos depósitos compulsórios, ou seja, a parcela do dinheiro que os bancos são obrigados a deixar depositada no Banco Central. Essa medida retira dinheiro de circulação sem necessariamente aumentar o custo do crédito. Outra alternativa é o corte de gastos públicos. Ao reduzir gastos, o governo diminui a pressão da demanda sobre a economia, colaborando para a desaceleração inflacionária.
Mais estruturalmente, o país precisa investir em eficiência e inovação. Melhorar a produtividade das empresas brasileiras tornaria os produtos mais competitivos no mercado global e ajudaria a reduzir custos internos. Isso passa por modernização tecnológica, qualificação da mão de obra e desburocratização. Um país mais produtivo consegue crescer com menos pressão inflacionária, já que consegue produzir mais sem necessariamente aumentar preços.
Reformas que reduzam incertezas institucionais e fiscais também ajudariam a ancorar as expectativas inflacionárias, permitindo juros mais baixos. Estabilidade econômica, responsabilidade fiscal e estímulo à inovação são ingredientes fundamentais para quebrar o ciclo vicioso dos juros altos no Brasil.
Se o país quiser crescer de forma sustentável, precisará ir além das soluções tradicionais e enfrentar de frente seus gargalos estruturais. Só assim será possível liberar a economia do freio dos juros e abrir caminho para um desenvolvimento mais inclusivo e dinâmico.
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Gustavo de Oliveira é empresário em Cuiabá-MT (gustavo@britaguia.com.br www.linkedin.com/in/gustavopcoliveira) |
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