Deitado em berço esplêndido

Não há nada mais ilusório do que ouvir fáceis discursos políticos dos mandatários do poder no Brasil. É impressionante como a propaganda política brasileira quer exaltar feitos muitas vezes irrelevantes do ponto de vista estrutural, apenas para dar à sociedade uma falsa sensação de que “algo está sendo feito”, mesmo que não se saiba ao certo se estas ações realmente resolverão os problemas prioritários e de maneira eficiente.

Várias pesquisas e tipos de indicadores nos alertam constantemente sobre dados preocupantes relacionados ao excesso de endividamento das famílias, inadimplência crescente, poder de compra em queda, inflação acima da meta e uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Tudo isso cria uma espécie de entrave econômico no país, impedindo que a roda da economia gire com a velocidade desejada e o PIB não cresça vertiginosamente.

Para transformar essa realidade, é imprescindível olhar o Brasil de forma estrutural. Com exceção do agronegócio, que bate recordes ano após ano, a produtividade brasileira permanece estagnada há décadas. No setor industrial, por exemplo, a baixa competitividade internacional, somada aos elevados custos de produção, resulta em preços altos e reduzida capacidade de disputar mercados globais.

Não menos grave é a questão dos custos sociais. O Brasil combina uma das mais pesadas cargas tributárias do mundo com serviços públicos notoriamente deficientes. Assim, a sociedade arca com um peso fiscal significativo e, em troca, recebe saúde, educação, segurança e transporte muito abaixo das referências globais, ou seja, um custo de vida desproporcional à qualidade dos serviços oferecidos.

Esse cenário alimenta um ciclo vicioso que nos condena a uma espiral de estagnação: uma sociedade de baixa produtividade, mal remunerada, que financia um Estado inchado e ineficiente. Um espetáculo preocupante de decadência em um mundo no qual o futuro pertence às sociedades que conseguem aliar eficiência, bem-estar social e geração de riqueza.

Romper esse ciclo não será fácil. Exige coragem institucional, compromisso coletivo e uma sociedade disposta a abandonar soluções de curto prazo em favor de reformas estruturantes que nos permitam avançar rumo a um futuro mais próspero.

Não faz sentido termos mais mais deputados na Câmara Federal nem nas Assembleias Legislativas estaduais. Precisamos de deputados que sejam mais eficientes. Não precisamos de mais Bolsas Família ou de vagas remuneradas pelo auxílio reclusão em presídios. Assim como também não precisamos de empréstimo consignado com taxas de 42% ao ano e com a garantia do nosso suado salário e FGTS. O que precisamos mesmo é de mais oportunidades reais de geração de emprego e renda para os brasileiros e menos encargos roubando parte do nosso suado salário.

O Brasil precisa despertar. E precisa fazê-lo com urgência.

Gustavo de Oliveira Gustavo de Oliveira é empresário em Cuiabá-MT (gustavo@britaguia.com.br  www.linkedin.com/in/gustavopcoliveira)

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